sábado, 20 de dezembro de 2014

Basquete: vale a pena investir na TV aberta?



Falamos diversas vezes da importância da transmissão do basquete na TV aberta, principalmente na Rede Globo, afinal de contas é a emissora de televisão mais assistida, com média de 13 pontos (um ponto vale por volta de 62 mil TVs ligadas). Mas com o crescimento da televisão por assinatura e de seus canais segmentados, será mesmo que fazer de tudo para ter jogos nos canais abertos é mesmo a saída?

Numa conversa com o comentarista esportivo Álvaro José, ele disse algo muito importante: a segmentação da TV é algo mundial e que deve fazer muita coisa migrar para os canais por assinatura. “Nos EUA, a TNT já teve pouca audiência, hoje tem um alcance de 200 milhões de pessoas (2/3 da população), quase uma TV aberta”, disse. A conversa completa publicarei em breve.

A TV como conhecemos precisa e vai mudar mudar porque perde audiência a cada dia para a canais por assinatura, internet, serviços on demand como Netflix, videogames e os canais pequenos.

Inclusive a internet é de grande potencial, já que o League Pass das ligas americanas fazem muito sucesso e o Brasil já é o quinto consumidor do serviço da NBA por internet. As possibilidades da internet já são exploradas pela LNB, já que nesta edição do NBB vemos ao menos dois jogos por semana no site da liga. É pouco, mas é um começo. 

Em compensação a queda dos canais abertos, a TV por assinatura cresce a cada ano, atingindo já as 19 milhões de assinaturas (estima-se 23 milhões, sendo 4 milhões de sinais piratas), muitas com preços promocionais, pontos adicionais em HD, combos com internet e tudo mais. Aliás, o serviço de TV é um dos únicos no país com liberdade de escolha entre as operadoras, por mais que os canais basicamente sempre sejam os mesmos.

Só para se ter uma ideia, se somarmos os canais pequenos e a TV por assinatura (denominados OCN), já temos o segundo canal mais assistido, à frente de Record e SBT que lutam pelo vice no ranking de audiência com média de 5 pontos. E durante o horário eleitoral, por exemplo, os OCNs chegaram a 23 pontos em São Paulo e apenas para lembrar, a média da Globo, como colocado no primeiro parágrafo é de 13, mas em 2006 era quase o dobro. 

“Se temos 19 milhões de assinatura, multiplicamos pela metodologia do Ibope (3,2), temos mais de 60 milhões de pessoas que podemos alcançar hoje”, explicou Álvaro José. Já temos quase 1/3 da população brasileira com acesso aos canais pagos, mas já 40% no sudeste brasileiro.

Nisso, os segmentos de TV por assinatura e internet banda larga seguem descendo no Brasil. Segundo a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), 2014 já registrou 2 milhões de novos assinantes de TV e mais 1,1 milhão de novos contratos de banda larga.


Números nem sempre dizem tudo


Crédito: Arthur Marega Filho
Claro que 23 pontos durante o horário eleitoral, divididos em uma centena de canais, não representa muito. Mas a TV paga já molda muita coisa nos canais abertos, como a programação infantil. Dos dez canais mais vistos, quatro eram infantis, explicando porque quase não vemos mais desenhos nos canais abertos.

Um dos canais é esportivo, exatamente o Sportv, que deve em breve passar a transmitir, além do NBB, também a NBA junto de Space, ESPN e Sports+.

Mas para lembrar os números do NBB na Rede Globo: a final do NBB 5 registrou 5,4 pontos (mais ou menos 334 mil TVs), do NBB 6 registrou 4,8 (mais ou menos 297 mil TVs), ambos disputados em um sábado, às 10h da manhã. Nos dois casos houve disputa quase igual com o Esporte Fantástico da Record e com o Sábado Animado do SBT.

Não são índices ruins para a atualidade da TV aberta, mas também não garanto que ceder duas horas na manhã de sábado farão uma grande alavanca para o basquete nacional. Isso sem falar do basquete feminino, de tantos jogos na TV Bandeirantes nos anos 90, outros tempos...

Mesmo que só tenhamos 1/3 do Brasil com TV por assinatura e com a concorrência do futebol na TV aberta (basta lembrar que basicamente F-1, Indy e UFC apenas quebram isso e o vôlei esporadicamente), a TV por assinatura realmente pode ser a saída.   

Uma das ideias aproveitar o potencial da TV por assinatura é a fidelização do espectador com o NBB. Os horários dos jogos variaram muito nessas sete edições do campeonato, já foram domingo de manhã, sexta-feira, terça-feira, quinta-feira à noite, sábado no horário do almoço e até às 22h.

Para essa temporada, foram extintos os jogos de fim de semana para que o canal Sportv transmita dois por semana, um na terça-feira e outro na sexta-feira, ambos mais ou menos no mesmo horário, entre 19h e 20h, criando ali um horário fixo para o NBB.


Na NBA, por exemplo, os horários de ESPN e Space são fixos, variando apenas se temos ou não horário de verão. Aliás, o Space andou abocanhando a liderança de segmento de homens entre 24 e 49 anos na TV paga e sabemos que agora as duas ligas, NBA e LNB são parceiras.

Talvez não estejamos entendendo o período que a TV aberta passa, sua transformação por todos aqueles motivos que já citei, mas o crescimento da TV por assinatura é algo que não tem mais volta e também aposto nela. 

O próprio futebol tem perdido público nos canais abertos com audiências cada vez menores, também resultado da perda geral de público das emissoras abertas.

De fato, com o crescimento da TV por assinatura e também dos canais esportivos (já são 12) e a maior segmentação de programação deve dar um novo panorama para a transmissão esportiva no país. 

E como nos Estados Unidos, logo poderemos ter emissoras fechadas pagando caro por direitos televisivos que não sejam de futebol, local em que outros esportes até conseguem espaço.

Para encerrar deixo uma pergunta: é melhor ter muita atenção de um canal pago com bom alcance e investimento em algo que cresce, ou ser exibido uma vez ou outra na TV aberta, só por exibir? Não devemos ignorar ou desdenhar do poder da TV aberta e de seu alcance, mas os tempos estão mudando. 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Aldo Rebelo pode continuar no Ministério do Esporte em 2015

Crédito: Divulgação

O Secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, deixou em aberto sua continuidade no governo. Segundo ele, a decisão dos comandantes da pasta para o próximo governo, que começa a partir de janeiro de 2015, está nas mãos da presidente reeleita Dilma Rousseff, e que o atual ministro, o ex-deputado Aldo Rebelo (PCdoB) pode até seguir no cargo.

“Nós estamos aguardando a posição da presidente (Dilma) e depende tudo da seleção dela se o ministro segue ou não”, disse.

Rebelo anunciou que deixaria o cargo e que sua missão estava cumprida no último mês de outubro durante entrevista à TV Estadão, mas a decisão no fim do processo é da presidente Dilma.

Em entrevista concedida logo após o evento de lançamento da parceria entre NBA e Liga Nacional de Basquete na última quinta-feira (11), Leyser também afirmou que o basquete (CBB também) seguirá sendo parceiro do ministério mesmo que o comando da pasta seja trocado.

“Hoje não há nenhum problema de descontinuidade em diversos níveis do governo. Temos uma democracia amadurecida. Então são programas longos, contratos já assinados e eu não vejo problemas mesmo que mude o comando do ministério”, salientou o secretário.

Ele também comentou sobre os atrasos no repasse de verba à LNB para a realização de mais uma Liga de Desenvolvimento do Basquete, que teve início em outubro. Segundo ele, a ideia é fazer um longo contrato para que não haja atraso e “houve esse ano uma alteração de legislação, com novas exigências, e isso também acabou atrasando o cronograma das assinaturas dos convênios e liberação do recurso. Isso não deve acontecer novamente”.

Representando Rebelo no evento de apresentação da parceria NBA/LNB, ele também fez questão de destacar o crescimento do NBB. “É fantástico o nível de amadurecimento e a rapidez com que isso aconteceu no basquete brasileiro. Em poucos anos conseguimos reestruturar o campeonato brasileiro, repatriar atletas e formar uma nova geração. E acho que isso chamou a atenção da NBA e abre uma perspectiva fantástica”, finalizou.


Mesmo já tendo anunciado nomes de futuros ministros, Dilma ainda não confirmou um nome para o esporte. O ministério está em poder do PCdoB desde o início do governo Lula, com Orlando Silva e logo depois com Aldo Rebelo. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Tempo e as Lendas

A grande notícia esportiva desse final de ano, sem dúvidas, é esta: “Kobe Bryant supera Michael Jordan em número de pontos marcados ao longo da carreira”. Mas o que exatamente isso significa?


Pode não parecer nada: Bryant não bateu nenhum recorde da NBA: ele apenas assumiu a terceira posição dentre os principais pontuadores de todos os tempos. Para que ele chegue ao recorde – do lendário Kareem Abdul-Jabbar –, faltam ainda 6 mil pontos.

Além de não se tratar exatamente de uma marca histórica (afinal, outros dois jogadores já haviam atingido essa pontuação antes), outro aspecto que faz essa conquista de Bryant parecer menor é o fato de tais números terem sido atingidos em contextos completamente diferentes.

E aqui não se estabelece quem teve mais dificuldades: Jordan conquistou muitos pontos em um período em que a Liga passava pela chamada expansão, quando muitos novos times passaram a figurar no campeonato – algo como a promoção de divisões, no futebol – e teve 3 temporadas nas quais a linha de 3 pontos foi diminuída: em 1994-95, 95-96 e 96-97 a linha de três pontos passou de 7,24 metros para 6,71 metros.

Apenas para que se entenda: 6,75 é a medida da WNBA.

Coincidência ou não, foi nesses anos em que Michael Jordan teve seus maiores índices de acerto em toda sua carreira. E na temporada 1997-98, quando as medidas originais foram retomadas, MJ teve uma queda abrupta: chutou em 37,4% 96-97 e chutaria 23,8% em 97-98.

Por outro lado, Bryant disputou muito mais jogos e algumas temporadas a mais que Jordan para chegar à mesma pontuação. Kobe chegou à liga muito mais jovem (estreou aos 18, Jordan aos 21), e Além disso, são épocas bastante distintas, os companheiros de equipe são muito diferentes e também incomparáveis são os adversários que eles tiveram de bater.

Jordan teve duas aposentadorias (uma em 1993, outra em 1998) e ficou meses afastado por conta de um pé quebrado, em 1986. Kobe teve sua primeira grande lesão na carreira somente em 2013.

Mesmo pensando em todas essas pequenas observações, é uma façanha que, sim, precisa ser celebrada, afinal, Bryant está ultrapassando a marca de um homem que foi seu ídolo a vida toda e que, na opinião de muitos, foi o melhor da história desse esporte.

Recentemente, tanto Fernando Alonso quanto Lewis Hamilton, ambos bicampeões mundiais de Fórmula 1, disseram ansiar pelo terceiro título na categoria porque, antes de tudo, “essa foi a marca atingida por Ayrton Senna”. 

E quem não se lembra da reação de Michael Schumacher ao igualar o número de vitórias de Senna na Fórmula 1?


Bryant, ao comentar o feito, deu o tom de sua emoção: “Eu estaria mentindo se dissesse que não significa nada” (Leia aqui a carta que ele escreveu). A ovação da torcida – Kobe estava na terra do adversário! – e os abraços e aplausos de todos os jogadores e comissão técnica de ambas as equipes dão ideia do significado da ocasião (algo semelhante havia acontecido, 11 anos atrás, quando Michael Jordan superou WIlt Chamberlain pela mesma terceira posição que Kobe lhe tomou). 

Muito mais que a marca em si, porém, esse é só mais um capítulo na interminável comparação entre Jordan e Bryant.
Se buscássemos entender o significado do “duelo” Jordan vs. Kobe em outros universos, seria mais ou menos como dizer que eles são Pelé e Maradona no futebol, ou Senna e Schumacher na Fórmula 1: atletas de épocas distintas mas que, de alguma forma, tiveram trajetórias bastante próximas e polarizaram fãs ao redor do planeta.

Ajudou, em todos os casos, a progressiva ação da mídia: Pelé, Senna e Jordan atuaram períodos com grande influência dos meios de comunicação de massa, mas num tempo em que a ação destes era mais limitada e, de certa forma, monopolizada. Maradona já surge numa época diferente (a mesma de Jordan e Senna, mas década e meia “mais jovem” que a de Pelé), enquanto que Schumacher e Bryant pegariam toda a transição e modelação do fenômeno internet.

Assim, há um embate: aqueles que acompanharam Pelé-Senna-Jordan tinham muito menor acesso ao universo que os cercava; nesse sentido, determinadas “verdades” tornam-se mais difíceis de serem contestadas. Já Kobe, Schumacher e Maradona atuaram em períodos onde foram muito mais vigiados, digamos.

Dessa forma, até mesmo os grandes feitos obtidos por cada um deles passaram a ser relativizados e vistos com um ceticismo irônico. Michael Jordan, em toda sua carreira, conseguiu como máxima pontuação em uma partida os 69 pontos contra o Cleveland Cavaliers, em 1990. 16 anos depois, diante do Toronto Raptors, Kobe Bryant atingiria absurdos 81 – a segunda maior em quase 70 anos de NBA.


Uma das marcas registradas de Michael Jordan, e parte daquilo que certamente povoa o imaginário de quem vê nele um jogador insuperável, foi sua incrível capacidade de marcar as cestas finais nas partidas, concedendo a vitória a seu time. Kobe teve o mesmo tipo de qualidade: inclusive, já marcou mais “game-winners” que Michael.

Kobe teve Shaq? Jordan teve Pippen – um grande jogador que, por sinal, é muito desvalorizado. Kobe e Jordan tiveram Phil Jackson como líderes. No fim, o que os diferencia é mesmo o número de títulos: Jordan 6, Kobe 5.

Finalizo com uma frase de ninguém menos que Magic Johnson: “Assim como nunca mais veremos um jogador como Michael Jordan, nunca mais veremos outro como Kobe Bryant”.


Respeito às duas lendas do esporte. E gratidão por ter visto a carreira destes dois monstros.

Marcel Pilatti

www.hermanosebrazucas.blogspot.com.br

sábado, 13 de dezembro de 2014

Liga Nacional de Basquete e NBA fazem história

Divulgação/LNB

11 de dezembro de 2014. Guardem bem essa data como especial, não só para o basquete brasileiro, mas para o esporte brasileiro como um todo. Pela primeira vez, uma liga brasileira recebe o aporte de uma liga profissional norte-americana, é a Liga Nacional de Basquete de mãos dadas com a NBA.

O acordo foi selado em evento realizado no Esporte Clube Pinheiros, três meses após ter sido noticiado pela primeira vez pelo jornalista Fábio Balassiano

Quinto maior mercado do League Pass e o que mais cresce nas redes sociais da NBA, o Brasil chamou tanto a atenção da maior liga de basquete do mundo, que as partes formularam um acordo que sem dúvida vai alavancar a modalidade da bola laranja no nosso país.

Mesmo sem revelar valores ou prazo do contrato, o diretor da NBA no Brasil, Arnon de Mello, disse que a liga norte americana não faz um aporte na brasileira e sim um suporte para que a Liga Nacional torne-se sustentável.

Segundo ele, a ideia é de troca de experiência nas áreas de marketing e licenciamento de produtos, além de inserir entretenimentos aos jogos e também de criar uma rede de intercâmbio de experiências, não só com a NBA, mas também com a D-League, a liga de desenvolvimento nos EUA. A reforma das arenas brasileiras também foi assunto, mas deixado para o futuro.

“O intercâmbio técnico é uma coisa natural. Levamos agora o Flamengo aos Estados Unidos para jogar três partidas. Não é uma coisa que está no papel, mas com certeza haverá oportunidades. Estava conversando com o presidente da CBB (Carlos Nunes) para podermos fazer intercâmbio de técnicos, árbitros, na parte comercial e isso, com a parceria oficial, vai fluir com mais naturalidade”, explicou. 

Outro ponto importante discutido no evento foi a dos patrocinadores do NBB. O campeonato não conta com investidores para este ano, repetindo a edição anterior. Segundo Mello, a NBA buscará apoio financeiro para a Liga Nacional e já tem algumas empresas interessadas.

João Fernando Rossi e Kouros Monadjemi fizeram questão de destacar o pioneirismo da gestão de liga no Brasil, enquanto o presidente da Liga Nacional, Cássio Roque, disse que após um ano de Copa do Mundo e eleições e com o fortalecimento do ciclo olímpico, o empresariado deve ver melhor o chamado ‘esporte amador’.

“A formação de uma parceria com uma liga, com o porte da NBA, traz visibilidade e coloca o basquete um degrau acima. E assim a gente espera que consiga atrair mais patrocinadores, empresas que acreditem no retorno”, explicou Roque.

O licenciamento de produtos e a evolução do NBB foi assunto para Jason Carrily, que destacou o crescimento da liga e espera que o campeonato nacional siga se desenvolvendo até se tornar uma das melhores ligas do mundo.


Transmissão pela TV


Crédito: John Raoux /AP
Muitas vezes criticada, a parceria da LNB com a Rede Globo foi assunto no evento. Cássio Roque destacou que sem a parceria, o NBB não existiria. De fato, realmente a parceria foi extremamente necessária e segundo as palavras de Arnon de Mello, o NBB seguirá com a Globo ao menos até o fim do atual contrato.

O acordo formular pela LNB e Globo vai até 2018. Mello considera que após o término do contrato, a liga deve sim buscar novos parceiros (nos Estados Unidos, os grupos Turner, Disney e Fox transmitem jogos e atuam no Brasil), mas antes, prevendo a expansão da NBA no Brasil, ele acredita ser mais fácil que a liga norte-americana tenha espaço em novos canais no país (hoje são Sports+, ESPN e Space) que o NBB mude de casa.

Ele também frisou que as partidas do Flamengo contra os times da NBA tiveram uma boa audiência no canal Sportv. 


Encontro de gerações

Marcaram presença no evento histórico os técnicos Cláudio Mortari e Hélio Rubens, além dos ex-jogadores Cadum, Marcel e Marquinhos, protagonistas do basquete nacional nos anos 70 e 80. Entre eles também estavam Arthur (Brasília) e Felipe Ribeiro (Pinheiros).


A palavra do ministério

Representante do Ministério do Esporte, o Secretário Nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, comentou o momento histórico.

“É fantástico o nível de amadurecimento do basquete brasileiro. Em poucos anos conseguimos estruturar o campeonato, repatriar jogadores e já criar uma nova geração e sem dúvida isso chamou a atenção da NBA”, afirmou Leyser.


Opinião do blogueiro


Crédito: Divulgação/LNB
A parceria inédita no mundo cria uma oportunidade que a Liga Nacional tanto precisava. Após perder patrocinadores, como a Caixa e a Eletrobrás, além da Netshoes, o NBB ficou em situação complicada, viu alguns de seus times ficarem mal das pernas e outros até desistirem do campeonato.

Com a chegada da NBA, a organização, que já é muito boa, ganha outra visibilidade. A partir disso, a Liga Nacional pode receber o aporte financeiro que precisa para realmente ajudar os clubes a se estruturarem melhor, fazendo com que o nível do campeonato aumente.

Ponto importante e praticamente inexistente hoje é o licenciamento de produtos. Poucos times vendem produtos, uniformes então são raríssimos. Isso deve mudar e muito a partir de agora.

Outra aposta importante é fazer um intercâmbio técnico com a Liga de Desenvolvimento para preparar melhor nossas futuras gerações e abrir a LDB em mais categorias. Criar também o 3x3 do NBB faria com que o público ficasse mais próximo do campeonato nacional. 


Por fim, o basquete brasileiro só tende a crescer com isso, principalmente porque a parceria foi feita com a séria organização da LNB. O único ponto que penso haver certo cuidado é a adaptação da NBA com o mercado brasileiro, mas se a liga norte-americana já cresce no gosto tupiniquim, a adaptação a nossa realidade não deve ser um problema. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Brasil Kirin campeão: uma reflexão sobre o esporte em Sorocaba

Crédito: Facebook Futsal Brasil Kirin

Pensei e muito para escrever isso aqui e pensei também se cabe no blog, mas como abordarei o basquete e o futebol americano da cidade, não vi problema.

Nesta segunda, dia da grande final da Liga Futsal, a jornalista Rafaela Gonçalves, do Cruzeiro do Sul, publicou uma boa reportagem sobre a equipe e ganchos sobre a situação das arenas esportivas da cidade de Sorocaba.

O Brasil Kirin foi campeão na prorrogação, mostrou trabalho sério e dedicado do craque Falcão, mas não jogou NENHUMA partida na cidade, o que destaca o sucateamento das praças esportivas da cidade.

Aliás, o profissionalismo do time deve servir de exemplo aos outros, já que Falcão rompeu muitos mitos na cidade. O primeiro deles é que o grande empresário não investe no esporte. Pois temos com ele uma multinacional gigante, a Brasil Kirin, que acreditou na solidez e qualidade do projeto. Mas esse pode ser um assunto para outro dia...


Aos fatos

Vamos começar pelo Estádio Municipal Walter Ribeiro, inaugurado em 1978. Desde lá, as únicas reformas do CIC (Centro de Integração da Comunidade) foram a troca do gramado algumas vezes. E de centro de integração da comunidade o estádio não tem nada...

Ainda é possível ver cinzeiros no estádio mesmo com as leis antitabagismo, o vestiário foi reformado apenas para receber os treinos de Japão e Argélia na Copa do Mundo, não há acessibilidade, banheiros adaptados, internet nas cabines de imprensa e o melhor estacionamento do estádio é do hipermercado ao lado.

Tirando, é claro, que o estádio não possui ao menos um placar. Já ouvi até o argumento de que não precisa, já que o torcedor sabe quanto está o jogo...

A situação das praças da cidade foi bem destacada por Pedrinho Souza, ex-preparador físico dos times da Minercal e também do vôlei Leite Moça na reportagem citada acima... Não existem pistas de atletismo com tamanho oficial na cidade, piscinas públicas e a última construção de praça esportiva foi... Isso, exatamente o CIC, há vergonhosos 36 anos.

O Ginásio Municipal Gualberto Moreira é da década de 1950, construído com o esforço da cidade para receber os Jogos Abertos, com as fotos emblemáticas do Padre Pieroni carregando latas de cimento fresco para acelerar sua construção (para quem não é da cidade, o ginásio fica onde se localizava a antiga Igreja de Bom Jesus, hoje na Rua Nogueira Padilha). Chegou a ser abandonado pelo poder público após a saída do vôlei Leite Moça da cidade, foi reformado, mas é frequentemente alvo de vândalos.

Por ser o único ginásio de porte na cidade, é disputado por várias equipes, Handebol do Anglo, LSB, vôlei, além de Cruzeirão, Cruzeirinho, Jogos Escolares, torneios da Lisofus, a Liga Sorocabana de Futsal e isso sem que a quadra tenha o tamanho mínimo oficial para a prática dessa modalidade (!!!!).

O último incidente foi com a quadra cedida pelo Ministério do Esporte à Liga Sorocabana de Basquete. O relógio de 24 segundos reserva também não foi instalado, rendendo multa ao time de mil reais. Responsabilidade, quer ou não, do poder público municipal, dono do ginásio.  

Já o Sorocaba Vipers Army, time de futebol americano da cidade, anda nos trazendo bastante orgulho. Foi vice-campeão do estadual e ficou em terceiro na Liga Nacional, mas não tem um campo público para treinar, depende da boa vontade dos clubes em ceder seus campos, como o Clube de Campo ou o Recreativo Campestre.

Outro que sofre com isso é a Lisoboxe, a Liga Sorocabana de Boxe, que sempre contribui em Jogos Regionais e Abertos e possui vários trabalhos de incentivo ao esporte.

No entanto, não entrarei no mérito da Arena Multiuso. A construção mal feita caiu, é mal localizada, será de difícil acesso, mas para a condição do nosso esporte, seria um grande avanço.


Alguma proposta

Bem, não defendo aqui que as prefeituras injetem dinheiro nas agremiações esportivas das cidades, pelo contrário, acho que isso não é o certo. Se você entendeu isso de minha crítica, entendeu errado. Defendo que as prefeituras possam ser parceiras dos times e fornecer o máximo de ajuda possível sem repassar dinheiro direto aos clubes e incentivem sua continuidade.

Sorocaba tinha uma ótima equipe de ciclismo capitaneada pela Padaria Real, mas como não conseguiu manter a equipe sozinha, a padaria acabou fechando o time. Agora temos mais de 100km de ciclovia, sem que haja um time desse porte fomentando (desde ensinar gente a pedalar, até dar clínicas de ciclismo de estrada) o esporte da bicicleta. Temos agora a Cervejaria Burgman tentando reaver essa chama. 

A ajuda pode vir em forma de convênio, lei de incentivo, trabalho de conservação e ampliação de praças esportivas, cobrança nula de aluguel para equipes da cidade e assim por diante. Esse incentivo já seria um bom começo. Outra ideia é criar leis de incentivo municipais para que empresas da cidade abatam seu imposto no esporte da cidade, não sei se é possível, mas é uma ideia.  

Sorocaba não constrói um centro esportivo há anos e os que temos não possuem condições para que as equipes possam treinar. Os centros são da comunidade sim, da população de Sorocaba, mas esse convênio e parceria que sugeri aumentaria o envolvimento das equipes com o público, colocando mais esporte nos bairros. Não custa tentar.

Só para lembrar, nosso esporte é multicampeão de bicicross, campeão estadual, nacional, sul-americano e mundial de basquete, estadual, nacional e intercontinental de vôlei, tem representantes no boxe nacional, no MMA, nas pistas de corrida, tradição no futebol estadual e agora também é campeão nacional de futsal.

É difícil gostar de esporte nessa cidade...