Falamos diversas vezes da importância da transmissão do
basquete na TV aberta, principalmente na Rede Globo, afinal de contas é a
emissora de televisão mais assistida, com média de 13 pontos (um ponto vale por
volta de 62 mil TVs ligadas). Mas com o crescimento da televisão por assinatura
e de seus canais segmentados, será mesmo que fazer de tudo para ter jogos nos
canais abertos é mesmo a saída?
Numa conversa com o comentarista esportivo Álvaro José,
ele disse algo muito importante: a segmentação da TV é algo mundial e que deve
fazer muita coisa migrar para os canais por assinatura. “Nos EUA, a TNT já teve
pouca audiência, hoje tem um alcance de 200 milhões de pessoas (2/3 da
população), quase uma TV aberta”, disse. A conversa completa publicarei em
breve.
A TV como conhecemos precisa e vai mudar mudar porque
perde audiência a cada dia para a canais por assinatura, internet, serviços on
demand como Netflix, videogames e os canais pequenos.
Inclusive a internet é de grande potencial, já que o
League Pass das ligas americanas fazem muito sucesso e o Brasil já é o quinto
consumidor do serviço da NBA por internet. As possibilidades da internet já são
exploradas pela LNB, já que nesta edição do NBB vemos ao menos dois jogos por
semana no site da liga. É pouco, mas é um começo.
Em compensação a queda dos canais abertos, a TV por
assinatura cresce a cada ano, atingindo já as 19 milhões de assinaturas (estima-se
23 milhões, sendo 4 milhões de sinais piratas), muitas com preços promocionais,
pontos adicionais em HD, combos com internet e tudo mais. Aliás, o serviço de
TV é um dos únicos no país com liberdade de escolha entre as operadoras, por
mais que os canais basicamente sempre sejam os mesmos.
Só para se ter uma ideia, se somarmos os canais pequenos
e a TV por assinatura (denominados OCN), já temos o segundo canal mais
assistido, à frente de Record e SBT que lutam pelo vice no ranking de audiência
com média de 5 pontos. E durante o horário eleitoral, por exemplo, os OCNs
chegaram a 23 pontos em São Paulo e apenas para lembrar, a média da Globo, como
colocado no primeiro parágrafo é de 13, mas em 2006 era quase o dobro.
“Se temos 19 milhões de assinatura, multiplicamos pela
metodologia do Ibope (3,2), temos mais de 60 milhões de pessoas que podemos
alcançar hoje”, explicou Álvaro José. Já temos quase 1/3 da população
brasileira com acesso aos canais pagos, mas já 40% no sudeste brasileiro.
Nisso, os segmentos de TV por assinatura e internet banda
larga seguem descendo no Brasil. Segundo a ABTA (Associação Brasileira de TV
por Assinatura), 2014 já registrou 2 milhões de novos assinantes de TV e mais
1,1 milhão de novos contratos de banda larga.
Números nem sempre dizem tudo
Crédito: Arthur Marega Filho |
Claro que 23 pontos durante o horário eleitoral,
divididos em uma centena de canais, não representa muito. Mas a TV paga já
molda muita coisa nos canais abertos, como a programação infantil. Dos dez
canais mais vistos, quatro eram infantis, explicando porque quase não vemos
mais desenhos nos canais abertos.
Um dos canais é esportivo, exatamente o Sportv, que deve
em breve passar a transmitir, além do NBB, também a NBA junto de Space, ESPN e Sports+.
Mas para lembrar os números do NBB na Rede Globo: a final
do NBB 5 registrou 5,4 pontos (mais ou menos 334 mil TVs), do NBB 6 registrou
4,8 (mais ou menos 297 mil TVs), ambos disputados em um sábado, às 10h da
manhã. Nos dois casos houve disputa quase igual com o Esporte Fantástico da
Record e com o Sábado Animado do SBT.
Não são índices ruins para a atualidade da TV aberta, mas
também não garanto que ceder duas horas na manhã de sábado farão uma grande
alavanca para o basquete nacional. Isso sem falar do basquete feminino, de
tantos jogos na TV Bandeirantes nos anos 90, outros tempos...
Mesmo que só tenhamos 1/3 do Brasil com TV por assinatura
e com a concorrência do futebol na TV aberta (basta lembrar que basicamente
F-1, Indy e UFC apenas quebram isso e o vôlei esporadicamente), a TV por
assinatura realmente pode ser a saída.
Uma das ideias aproveitar o potencial da TV por
assinatura é a fidelização do espectador com o NBB. Os horários dos jogos
variaram muito nessas sete edições do campeonato, já foram domingo de manhã,
sexta-feira, terça-feira, quinta-feira à noite, sábado no horário do almoço e
até às 22h.
Para essa temporada, foram extintos os jogos de fim de
semana para que o canal Sportv transmita dois por semana, um na terça-feira e
outro na sexta-feira, ambos mais ou menos no mesmo horário, entre 19h e 20h,
criando ali um horário fixo para o NBB.
Na NBA, por exemplo, os horários de ESPN e Space são
fixos, variando apenas se temos ou não horário de verão. Aliás, o Space andou abocanhando a liderança de segmento de homens entre 24 e 49 anos na TV paga e
sabemos que agora as duas ligas, NBA e LNB são parceiras.
Talvez não estejamos entendendo o período que a TV aberta
passa, sua transformação por todos aqueles motivos que já citei, mas o
crescimento da TV por assinatura é algo que não tem mais volta e também aposto nela.
O próprio futebol tem perdido público nos canais abertos com audiências cada vez menores, também resultado da perda geral de público das emissoras abertas.
De fato, com o crescimento da TV por assinatura e também dos canais esportivos (já são 12) e a maior segmentação de programação deve dar um novo panorama para a transmissão esportiva no país.
E como nos Estados Unidos, logo poderemos ter emissoras fechadas pagando caro por direitos televisivos que não sejam de futebol, local em que outros esportes até conseguem espaço.
O próprio futebol tem perdido público nos canais abertos com audiências cada vez menores, também resultado da perda geral de público das emissoras abertas.
De fato, com o crescimento da TV por assinatura e também dos canais esportivos (já são 12) e a maior segmentação de programação deve dar um novo panorama para a transmissão esportiva no país.
E como nos Estados Unidos, logo poderemos ter emissoras fechadas pagando caro por direitos televisivos que não sejam de futebol, local em que outros esportes até conseguem espaço.
Para encerrar deixo uma pergunta: é melhor ter muita
atenção de um canal pago com bom alcance e investimento em algo que cresce, ou ser exibido uma vez ou outra na TV
aberta, só por exibir? Não devemos ignorar ou desdenhar do poder da TV aberta e
de seu alcance, mas os tempos estão mudando.